
Fora as excursões de colégio nunca participei de 1 “pacote” de vários dias. Como em Portugal, q ainda não conhecia, as distâncias entre os lugarejos turísticos são curtas, decidi fazê-lo por me parecer mais prático ter quem carregue malas e organize as inúmeras idas e vindas, econômico pelo transporte de ônibus na porta do hotel, as diárias a custo de grupo, as refeições incluídas. Eu precisava ter 1 idéia de como me sentiria num programa mais extenso pelo oriente e essa seria 1 boa oportunidade.
Meu maior receio consistia no convívio durante 10 dias c/1 grupo de desconhecidos, mas de fato essa questão foi menor diante da chatura de despertar antes das 7/6 hs: Pela 1a.x em toda minha existência consciente acordei de madrugada seguidamente; eu me olhava no espelho e desconhecia a imagem refletida; despertar cedo embagulha … e emburrece! O lado positivo foi aprender a ser rápida, no meu ritmo habitual eu levantaria 1 hora antes. A pressa exige atenção e disposição, eu me esforcei pra não sucumbir ao desejo incontrolável de distribuir patadas. Detesto acordar cedo!

A maior parte do dia passávamos dentro do ônibus; pra mim tudo bem, eu gosto tanto do ir qto do chegar, mas tem hora q enche o saco. A paisagem não é grande coisa até o vale do Minho e a subida da Serra da Estrela, belíssimos. Muitas cidades lindinhas pelo caminho até o magnífico Porto (eu gostei tanto desse lugar q depois voltei com meu filho para mais alguns dias). Parávamos aqui e ali p/1 breve caminhada, 1 intervalo mais longo no almoço, 1 visitinha a igrejas, museus e tal. Pra quem gosta da idéia geral é perfeito, pra quem curte um doce far niente bebericando um vinho enquanto vê a vida passar ou fuçar as profundezas do q o interessa é frustrante ter q ir embora qdo nem começou.

Um exemplo: quando visitamos o complexo da porcelana Vista Alegre, onde um senhor apaixonado pela fábrica sintetizou em poucos minutos o q poderia ter sido objeto de vasta explanação, eu tive ½ hora pra curtir o q normalmente gastaria 2 ou mais. Ele mentia despudoradamente! Diante de 1 peça art deco elogiou o ineditismo da forma produzida por volta de 1930; Ora, esse estilo pipocou em diversos pontos da Europa a partir de 1910; Em 1890 Mackintosh já fazia maravilhas no seu Glasgow Style e em 1900 o art nouveau fez sucesso na Feira Mundial de Paris. Ele também elogiou a originalidade da estrutura residencial anexa à fábrica onde moravam os funcionários, cujas famílias se dedicavam às atividades meio ou artes patrocinadas pelos patrões, prática comum desde as 1as. indústrias assentadas no meio do nada, como algumas destilarias da Escócia.

A guia, Fernanda, foi 1 fenômeno à parte, admiro sua paciência inesgotável p/atender a todos. Ela explicava detalhada e exaustivamente como seriam as visitas, os horários, os pontos de encontro, mas o povo errava, atrasava, fazia perguntas despropositadas. Eu teria degolado meia dúzia … inclusive a mim mesma! Ela expunha os aspectos gerais dos lugares por onde passávamos, conhecia bem a história de Portugal, as fofoquinhas da corte e suas singularidades. Bonita, simpática, leve, c/jeito de gente bem resolvida, poucas vezes a vi c/ar cansado.

O ônibus era confortável, muito embora necessitasse de mais espaço para pernas longas. E o motorista, Nuno, dirigia com cuidado mas sem lerdeza, inspirava confiança. E q beleza de homem! Moreno e alto, mãos perfeitas, dos olhos eu não lembro pois usava óculos escuros espelhados, porém seu lindo sorriso ao nos receber cedinho ajudou a dispersar meu mau humor matinal.

Os hotéis, na maioria 4*, eram bons, atendimento eficiente e camas confortáveis; alguns poucos funcionários meio grosseiros nos restaurantes. Os jantares e desjejuns self service, incluídos no preço, foram fartos mas, c/poucas exceções, medíocres. A última janta, no M’Ar de Ar, em Évora, foi inaceitável: Salada de alface, tomate e pepino c/sola de sapato cozida em molho de nada e penne na água e sal onde eventualmente apareciam pedacinhos minúsculos e molengos de cenoura e brócolis, decerto sobra do almoço. Eu pedi queijo p/a massa e obtive a resposta de q em Portugal ele não é usado, mas se eu fizesse questão eles tinham do fatiado, segundo a funcionária, “desse bem banal”! Claro q essa refeição arrasou comigo, passei maus bocados no dia seguinte.


Também tivemos 1 almoço bem ruinzinho em Fátima, mesmo diante da complexidade de levar 1 grupo de 50 pessoas ao destino de outras 5.000 penso q o “bandejão” poderia ser mais caprichado, ainda mais pq os produtos em si deixam a desejar! Eu sinto saudades dos legumes, frutas e verduras italianos, principalmente dos magníficos tomates e do café. Em compensação venho bebendo vinhos ótimos! disso, de bacalhau, azeite e doce de gema os portugueses entendem c/maestria.

O último almoço, na vinícola Monte da Ravasqueira, em Évora, foi maravilhoso, um bacalhau dos deuses acompanhado de vinhos deliciosos. E no Porto a Fernanda mandou muito bem escolhendo a Presuntaria Transmontana para 1 almoço extra-pacote, eu gostei tanto q voltei lá c/meu filho.
Ainda sobre os hotéis concluí q não vale a pena optar pelos mais caros, desde q nos outros as camas sejam confortáveis. Isso pq é impossível desfrutar das saunas, piscinas, spas e q tais, estamos sempre cansadíssimos. E a culinária realmente não me encantou. Talvez nos 3* o café da manhã apresente menor variedade de pães, sucos, doces, bolos e embutidos, mas eu não como nada disso, pra mim café forte c/queijo e ovo ou presunto é suficiente. Um extra q vale a pena comentar: Em Santiago de Compostela experimentei o “percebes”, seguramente o treco mais esquisito q comi desde sempre, um molusco de enredo trágico cujo sabor festejadíssimo nos meios gourmet não justifica a aventura de sua extração.




Enfim, valeu a experiência, o grupo era legal, fiz novas amizades e dei 1 geral nas terras lusitanas. Mas nem pensar numa passagem meteórica como essa pelos templos da Tailândia, do Vietnam ou Nepal, pelas praias da Indonésia ou jardins japoneses! Tenho q encontrar outro jeito de touristar por lá, pois receio simplesmente pegar 1 avião e descer em Bangkok. A minha nora fez isso, ela é corajosa, além, claro, de ter um bom gosto primoroso!
https://photos.app.goo.gl/VzMk3PLQjwgBLFEw1
Tiane, adorei a crônica Portuguesa! Beijos!!
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Valeu! Eu tô mesmo precisando de estímulo, mil coisas a dizer sobre Lisboa mas turistar me exaure, chego em casa e só consigo me dedicar a bobagens!
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Tô cheia de saudades de você. Sei que está curtindo tudo mas estou querendo muito ouvir você contar pessoalmente essas aventuras. Quando voltarás? Não peço pressa não, só fico querendo saborear suas estórias… Beijos saudosos e carinhosos.👄👄
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Tb tô cheia de saudades, fico até o final desse mês. Beijocas e mais beijocas!
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Adorei, com uma ressalva: acordar cedo emburrece e embagulha? To perdida! Aproveite!
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No seu caso embeleza e ativa a mente … Já no meu …. hehehehe
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Que viagem maravilhosa!
Bem narrada. Seguindo os seus passos… Beijinhos transatlântico 😘
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Valeu!!!! Bjks, Iara
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Tia, amando seu blog e sua jornada! Você deve manter o blog aberto por muito tempo, servindo de guia para nós! Um beijo do tamanho da saudade!
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Eu pretendo consolidar as dicas de viagem depois q voltar, tenho tudo colecionado. Beijo grande!!!!
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Muito bom te acompanhar nessa viagem!bj grande
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