Au revoir, Paris

O post anterior provocou celeuma, recebi muitas críticas, principalmente c/relação à comida; talvez o meu paladar seja diferente da maioria pq não como carne vermelha, margarina, camarão, miúdos, bolo, enfim, 1 monte de coisa. E tem a questão da estação do ano, os melões q p/mim não souberam a nada foram deliciosos p/1 amiga q provavelmente não esteve lá na primavera. Mas houve quem radicalizasse: recebi video de sermão onde o padre convoca ao perdão e tb resumo de aula de história p/criancinha mostrando como os portugueses eram bonzinhos, c/pieguices do gênero “D Pedro II gostava tanto do Brasil q andava c/areia de Copacabana no bolso” … hehehehe … ele tinha mais q amar do fundo do coração, não fosse o ouro brasileiro a Inglaterra teria encampado Portugal e a nobreza lusitana estaria até hoje limpando as latrinas dos ingleses, q finalmente teriam alcançado seu tão sonhado lugar ao sol.

A maioria dos brasileiros está se lixando pra isso, mas há quem admire nossos ex-algozes. Eu tento entender: seriam pessoas criadas por portugueses ou q c/eles mantém ligações de afeto? Estariam tão acostumadas c/relações abusivas a ponto considerá-las banais? Ou sofrem de Síndrome de Estocolmo?

A Carol mandou bem: “Cris, quem está em Paris acha qq outro lugar ruim”! Ela tem toda razão, eu fiquei + de 10 anos sem vir aqui e qdo cheguei, logo no início da viagem, lamentei o tempo ínfimo destinado a tanta belezura, então voltei no fim. Em função dos preços impagáveis no centro optei p/1 apart em Vincennes, estação final da linha 1 do metrô, c/conexão direta p/todas as outras, exceto a 3. É longe, cerca de 30 mim p/Saint Paul, acesso p/minha queridinha Ile Saint Louis, mas vale a pena. Antes de tudo estou amando a distância das hordas de turistas obstruindo o caminho. Estejam certos de q depois de quase 3 meses batendo perna pela Europa a gente contrai alergia àquelas filas intermináveis de orientais ou aos grupos de americanos falando e rindo alto e esganiçado, todos ao mesmo tempo, sem parar (vovó Guillem diria: macaca, olha pro seu rabo … hehehehe). Além disso, participar do dia-a-dia, usufruir dos serviços q atendem ao cidadão médio e acompanhar os hábitos das pessoas comuns tem sido delicioso.

Pais, por exemplo, são mto divertidos, tenho visto cenas ótimas: aqui todo mundo anda de patinete, inclusive na porta das creches tem estacionamento, aquele monte de micro patinetes coloridos, é mto bonitinho. As mães vão andando ao lado dos pequenos, mas os pais não, alguns vão de patinete, igualzinho aos filhos! Também já vi pai carregando filho agarrado nas coxas, como 1 coala; bebendo a mamadeira diante da negativa do neném em tomá-la ou lendo pacientemente deitado na relva enquanto o filhote se arrasta sobre seu corpo, baba, morde, puxa o livro …

Vincennes tem hotéis mas não é alvo das cias de turismo, parece q quem vem p/cá está a fim de passear sem sofreguidão, tipo curtir 1 tarde preguiçosa no bois, andar de bicicleta, 1 programa legal em Paris, beber e tal. Eu tb estou flanando por aí numa boa, sem pressa, desfrutando daquilo q desperta minha curiosidade: 1 artista/músico desconhecido; 1 mostra robótica; a feira da Bastille; a comemoração do solstício de verão, qdo Paris foi tomada por músicos de tendências variadas e eu assisti a 1 balé contemporâneo, ao ar livre, no Chateau de Vincennes; mergulhos arquitetônicos na Cidade do Patrimônio, no Beaubourg e no Museu das Artes Decorativas; centros culturais inexplorados, como os museus do perfume, do chocolate, da moda, a cidade das artes, o 104 e outros, e os manjados c/mostras interessantíssimas; restaurantes diferentes; o canal Saint Martin; ótimos vinhos e comprinhas tanto clássicas qto alternativas. Bom demais!

Depois de amanhã volto pra casa, feliz c/a perspectiva de abraçar pessoas queridas e brincar c/os gatinhos, mas preocupadíssima c/o avião, essa é a parte + chata do programa. Ainda tenho muito p/contar, alguns textos p/finalizar, fotos p/formatar e uma lista imensa de dicas p/decidir como organizar. A viagem termina aqui, mas nós ainda não chegamos ao fim!